O primeiro mentiroso

Imagine um mundo incapaz de mentir. Esse é o universo do filme de 2009 O primeiro mentiroso ou no original The invention of lying.

Mark Bellison é um roteirista fracassado que ao perder seu emprego e estar prestes a ser despejado, vai ao banco sacar seu último dinheiro da conta.

Contudo, ao chegar no banco, o sistema acaba ficando fora do ar e Mark mente que tem mais dinheiro do que de fato tem, porque precisava do dinheiro para não ser despejado. E é a partir desta primeira inverdade em mundo que sequer conhece o conceito de mentira, que o filme começa para valer.

Também é com essa nova versão do Mark, em que ocorre uma das passagens mais bonitas do longa, quando ele conversa com Frank, um jovem morador de seu prédio.

Antes de Mark começar a mentir, ele simplesmente o ignorava, porque Frank não era realmente importante para sua vida. Mas, agora que Mark aprendeu a mentir, ao ouvir Frank dizer que virou a noite procurando como se matar por asfixia, ele diz que se importa com Frank e que ele não deveria se matar e, ainda passa a noite conversando com ele depois.

Após isso, Mark comete outras mentiras, como mentir no banco para dar dinheiro ao mendigo, ir no asilo falando mentiras boas e por fim, marca um novo date com a mulher que o deu um pé na bunda por ele não ser atrativo e rico o suficiente.

No meio do encontro, ele recebe uma ligação, que sua mãe teve uma piora e que vai morrer. Ele imediatamente vai para o hospital e ao ver sua própria mãe, numa situação tão frágil, com medo da morte e tremendo perante a realidade do eterno nada pós-morte, Mark mente para ela dizendo que na verdade, quando morresse todo mundo que a amava estaria lá, que é um lugar sem dor e de apenas amor, que ela seria jovem novamente, podendo dançar como ela fazia antes. E com essas palavras, ela faz uma passagem tranquila, ao lado de seu filho, nos deixando igualmente em prantos.


Ao falar essas palavras de acalento à mãe, Mark não se dá conta de que o médico e enfermeiras em volta estavam ouvindo. E em um mundo onde ninguém é capaz de mentir, claro que o que Mark disse foi dito como verdade absoluta ao pé da letra.

A vida de Mark acaba realmente virando de ponta cabeça, as mentiras começam a ficar cada vez maiores e ele se torna "o cara que fala com o homem no céu que controla tudo".

E aí meu amigos, não quero dar mais spoilers porque The Invention of Lying é um filme divertido, com humor ácido, que nos leva a reflexões e vale cada segundo da nossa atenção.


Let's papear sobre o tema!

Hoje, aos meus 24 anos e completando por volta de 2 anos de terapia, minto sobre como estou de verdade nas conversas cotidianas e por regulação do que eu quero que as pessoas achem que a minha persona social é.
Todavia, existe algumas mentiras sociais bem específicas que para mim, por serem limites pessoais, não faço a mínima questão em seguir o protocolo e até prefiro que as pessoas que se ofendem com essas respostas fiquem bem longe. Vou expor a principal verdade que segundo bons costumes deveria mentir sobre:

"Obrigada, mas eu não quero ir."

Não dou mais desculpas para não ir em lugares que não quero ir, ou com gente que não me dou bem, ou que me fazem me sentir mal, ou caso eu não esteja me sentindo bem para sair na ocasião. Simplesmente no tom de voz mais tranquilo possível: obrigada, mas hoje meu voto é não.

E vocês, sobre o que vocês mentem e o que omitem? E o que faz vocês se sentirem confortáveis para falar a verdade?


Saiba mais sobre o assunto

Atila Iamarino - Quanto você mente?

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